terça-feira, 15 de setembro de 2009

Auto-responsabilização


O mundo dá mesmo muitas voltas, ou serei apenas eu que rodo incansavelmente sobre mim própria? O que é certo é que esbarro sempre sobre algumas coisas que sempre ali estiveram. Aqui estou eu a pensar nas ironias da vida, quando chego a mais uma conclusão buda-like... Auto-responsabilização!! Ou tal como diria, o Eddie Vedder, "It's evolution, baby!"

Ultimamente tenho esbarrado com livros, filmes e pessoas que tocam este assunto. "Se não sabes para onde vais, porque teimas em correr?"*, uma coisa é certa, está a fugir da sua própria responsabilidade, minha cara Amália. Venha quem vier, esta tendência de culpabilizarmos todos os factores externos às nossas decisões, está enraizada na mente social. Denominamos a nossa forma de vida, como livre, independente, e no entanto dependemos no reconhecimento externo ou até mesmo na falta dele, para depois determinar a injustiça de que sofremos. Mas que raio de liberdade...não consigo compreender e aproveito mesmo para deixar aqui claro que não acho que a tal evolution esteja concluída no CV do meu humilde ser, nem tão pouco dos pós doutorados e professores catedráticos da nossa sociedade.

Desengane-se o mais bem colocado e também o mal colocado que se culpam mutuamente pelos seus "incómodos". Há que voltar ás raízes e aí não há ninguém que me convença do contrário: somos iguais. Feitios, personalidades, cores de pele, orientações sexuais e outras tendências diferentes, mas iguais na condição. É aqui que falo do poder de decisão que cada um tem, da liberdade que possui desde o início, tal como na independência, mas falo também na responsabilidade sobre os seus actos, que obviamente faz parte do pacote. Esta parte é muitas vezes esquecida, que frequentemente eu mesma esqueço, porque não há dúvida da facilidade que existe na culpabilização externa em relação a todos os males sociais do momento.

"Esta é uma reportagem sobre um bairro problemático, onde vivem x nº de pessoas cuja única saída é o crime", explica a séria e metódica jornalista da SIC. E eu pergunto-me...a única saída? Este é apenas um exemplo, pois também também há o típico exemplo do senhor sentado na sua poltrona (que por sinal, já está em fase de fusão ao seu corpo) e aponta o dedo ao político que surge na imagem da TV "Aquele é o culpado. É por causa disto que o país não anda para a frente". Nem o político vitorioso se apercebe que de vitória teve pouco, pois apenas menos de metade do país votou, nem o senhor que lhe apontou o dedo se apercebe que o país não andou para a frente, porque faz parte de 60% da população que não se levantou da poltrona.

Agora eu sento-me, penso e concluo: pois claro que ando tonta que nem uma barata...rodopio, irrito-me, grito, queixo-me do que me correu mal, amaldiçoo determinada pessoa até à décima geração ou acontecimento até à exaustão, vou dormir, acordo melhor, até me chover mais uma série de problemas do mesmo género. De vez em quando, decido parar, quebrar o ciclo e PAM! Se calhar, eu tenho responsabilidade sobre as minhas decisões, se calhar sou eu que determino o meu rumo, se calhar sou eu a culpada, pois não fiz nada para que mudasse, porque não me levantei sozinha...porque não aprendi com o erro.

Ciclos: o mundo roda sobre si mesmo e à volta do sol, não pára nem se abana quando alguém decide bombardear uma cidade, nem quando um país volta a cair numa ditadura. Quanto a nós: rodamos sobre nós mesmos, sobre os mesmos acontecimentos vezes e vezes sem conta...até assumirmos que os provocámos, tentar uma alternativa e evoluir.


D.










*
Estranha Forma de Vida - Letra e música de Alfredo Duarte/Amália Rodrigues

1 comentário:

Seraphine disse...

A evolução implica mudança... o ser humano não está habituado a mudar, não é algo que flua naturalmente. Aprender com os erros vai contra o nosso ego e orgulho. Há que contrariar isso tudo! Como tu dizes, e muito bem, quebrar o ciclo e deixarmos de rodar em nós próprios. Além de evoluirmos (sejamos quem formos) sentimo-nos mais felizes e estáveis com as nossas aprendizagens.

:)

Ly*